Usar o teatro para consciencializar as comunidades sobre os direitos das mulheres

As comunidades de Massinga em particular, e da província de Inhambane no geral, são dos poucos privilegiados que podem ter acesso ao grupo teatral “12 de Agosto”, que através das suas peças conscientiza-as sobre os direitos das mulheres.

“Nós trazemos mensagens para mobilizar as mulheres e também os homens para que não violentem os seus parceiros. Sensibilizamos para que haja diálogo e não com violência”, disse Carola Cuamba, actriz pelo grupo teatral “12 de Agosto”.

O grupo tem 20 anos de experiência e realiza, em parceria com o Fórum das Associações Feministas de Inhambane, a consciencialização sobre os direitos.

No âmbito do PAANE, o grupo já apresentou peças nas escolas, feiras, hospitais, mercados e outros locais da comunidade.

Há mulheres grávidas que não estão preparadas para ter um filho. Falamos com as mulheres e crianças para encaminhar a sua gravidez no lugar X”, diz.

As pessoas gostam de ouvir a peça teatral, porque na peça, há mensagens e uma dose de anedotas, para que as pessoas ouçam e riam em simultâneo, explica.

É a nossa tarefa, a 24 horas, e não só no palco, mas mesmo no dia-a-dia, nos mercados, é a nossa tarefa”, acrescenta.

Quanto aos abortos, a atriz diz que o grupo fala com as mães, para que sejam amigas das filhas e não terem medo uma da outra.

Se as crianças pararem de estudar por conta da gravidez indesejada, então não teremos pessoas educadas o suficiente para dirigir o país nos próximos anos, anota.

“É o nosso matabicho, almoço e jantar. Com quem quer que seja. Tenho de dizer, porque o país pode afundar por conta destas práticas”, reitera.

O grupo 12 de Agosto aceitou a missão de advocacia “do fundo do coração” porque reparou que o país precisa de programas de consciencialização sobre as uniões prematuras, violência baseada no género e interrupção voluntária da gravidez.

De acordo com Carola Cuamba, inúmeras vezes acontece que a filha tem medo de dizer que está grávida, porque a mãe é chata e acaba contando a amiga. Duas crianças não podem ir ao hospital e precisam de gente adulta, acabando por cair nas mãos de pessoas que fazem interrupções de gravidez de forma particular e sem segurança, correndo o risco de perder o útero ou, no pior dos casos, a própria vida.

As peças de teatro apresentadas pela agremiação acontecem no âmbito do Projecto “Enriquecendo a Participação Activa da Sociedade Civil para a Promoção da Igualdade de Género e o Empoderamento das Mulheres e Raparigas,” implementado pelo consórcio composto pelas organizações Fórum Mulher, WLSA Moçambique, Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança (ROSC), AMMCJ e o Centro Informazione e Educazione Allo Sviluppo ONLUS (CIES).

O projecto conta com apoio da União Europeia em Moçambique, no contexto do Programa de Apoio aos Actores Não Estatais (PAANE II).

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