Sobreviventes de fístula capacitadas sobre Direitos Humanos e Saúde da Mulher

Considerado um  problema de saúde pública em Moçambique, a fístula obstétrica (FO) é uma doença resultante da desigualdade de género, pobreza, ineficientes ou ausência de serviços de saúde, analfabetismo e  gravidez precoce. O Ministério da Saúde estima que ocorram dois mil novos casos a cada ano. Na província de Nampula é considerada uma doença pandêmica, segundo Antônia Maria Morais, da Direcção Provincial de Saúde (DPS), que, no entanto, não fala em número de ocorrências na província.

Com o objectivo de identificar novos casos de fístula obstétrica e encaminhar as vitimas para o tratamento às vitimas  da doença, o Fórum Mulher realizou, na cidade de Nampula, um workshop voltado para as sobreviventes de FO, sua capacitação para se expressarem em público, comunicação e advocacia. A oficina fez parte do seminário sobre os Direitos Humanos das Mulheres e Saúde da Mulher, que aconteceu nos dias 27 e 28 de Novembro, e contou com a participação de 35 mulheres.

A fístula obstétrica é uma lesão que ocorre no canal vaginal durante o trabalho de  parto prolongado ou obstruído, sem que a mulher tenha assistência médica adequada e provoca uma ruptura entre a vagina e a bexiga, a vagina e o canal rectal, ou os dois, resultando, na maioria dos casos, na incontinência urinária e fecal, o que, por sua vez, leva as mulheres a isolarem-se, perder o contacto social e deixarem de fazer suas actividades quotidianas.  Muitas vitimas de fístula são abandonadas tanto pelo seu parceiro assim como pelas suas famílias, o que alem do doloroso isolamento também reduz afecta a sua auto estima.

Durante o evento, mulheres partilharam suas historias e como contraíram a doença.  A média de idade delas era de 18 a 19 anos, e a FO ocorreu na primeira gravidez (Preferimos não mencionar os nomes das raparigas que dividiram suas histórias em respeito à privacidade delas).

Em Moçambique a fístula obstétrica contribuí significativamente na elevada taxa de mortalidade materna. Em 2015, foi aprovado o novo Código Penal que avança a despenalização do aborto até três meses de gestação. Mas, até hoje não foi elaborado o regulamento para materializar este direito. As graves deficiências na situação da saúde sexual e reprodutiva são igualmente ilustradas pelo número de mulheres jovens e raparigas de 15-19 anos que estão grávidas ou tem pelo menos um filho em Moçambique contabilizado em 38%. Tendo como consequência a ocorrência de fístula obstétrica, em mulheres jovens com uma estimativa anual de 2000 (dois mil) novos casos.

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