O Fórum das Associações Feministas de Inhambane (FAFI) trabalhou na criação de um projecto de poupança entre as mulheres que perderam o trabalho, com finalidade de gerar renda através de novos negócios, durante a pandemia da COVID-19.
“O grupo teatral ensinou que se somos cinco mulheres podemos fazer poupança e dar a ela (outra mulher) para iniciar um negócio. Estava difícil mas os mercados não estavam totalmente fechados, e as mulheres nunca pararam de vender”, contou a Esmeralda Eugénio, activista do FAFI.
Durante o período de pico de pandemia no país e não, só vários postos de emprego foram perdidos, daí que algumas mulheres precisaram se reinventar para colocar “pão na mesa”.
“Fizemos isso e algumas iniciaram seus negócios e nalgum momento descobriram os seus talentos”, disse, acreditando que esta foi uma das melhores formas de empoderamento das mulheres e raparigas.
Aditado ao desemprego que afectou uma massa significativa na província de Inhambane, o confinamento criou stress nas famílias, tornando-as num campo fértil para ocorrência de violência baseada no género.
Para colmatar esta situação, o FAFI, em parceria com a Homens Pela Mudança (HOPEM), criaram programas de rádio para aconselhamento visando a minimizar violência nas famílias durante o período de stress do confinamento imposto pela covid-19.
A activista faz notar que “os casos foram subindo”, porque houve confinamento e as pessoas “não estão habituadas”.
“Tinham de ficar juntas por muito tempo e sabemos que o homem é daqueles que quer acordar e quer esticar os pés e comer e exigir comida”, sem ajudar nas pequenas despesas, deixando tudo a cargo da esposa e filhas – que acabam não estudando por estar cheias de deveres domésticos.
“Tivemos um treinamento, para mostrar aos homens que ajudar em casa não te torna menos homem”, disse, acrescentando que pela rádio recebiam chamadas de mulheres a dizer “muito obrigada”, pois o marido havia aderido a novas práticas.
“Apesar de estar tudo parado conseguimos abrir as portas desses nossos companheiros”, congratulou-se, acrescendo que os rapazes também estavam a aprender uma nova forma de vida.
“Trouxemos essa figura masculina para perceberem que não estamos a trabalhar contra o homem. Um homem é um grande irmão ao lado de uma mulher”, finalizou.
As acções foram levadas a cabo no âmbito do projecto Enriquecendo a participação activa da sociedade civil para promoção da Igualdade de Género e o Empoderamento das mulheres e Raparigas do Programa de Apoio aos Actores Não Estatais (PAANE).
Refira-se que o projecto é implementado pelo consórcio composto pelas organizações Fórum Mulher, WLSA Moçambique, Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança (ROSC), Associação Moçambicana de Mulheres de Carreira Jurídica (AMMCJ), Fórum das Associações Femininas de Inhambane (FAFI), Fórum Organizações Femininas do Niassa (FOFEN), Associação de Mulheres Paralegais de Tete (AMPT), Rede de Protecção da Criança em Sofala (SOPROC), e o Centro Informazione e Educazione Allo Sviluppo ONLUS (CIES), que conta com apoio da União Europeia em Moçambique, no contexto do Programa de Apoio aos Actores Não Estatais (PAANE II).