Rebeca Mabui também é uma mulher rural de 55 anos de idade, é trabalhadora da terra desde 1996, e vive no bairro de Ka mbenve, no distrito da Manhiça, província de Maputo. Actualmente é membro do fórum moçambicano das mulheres rurais que é também membro do Fórum Mulher. Depois de ficar viúva Rabeca perdeu todos os bens que acumulou com o seu falecido marido pois a família deste arrancou-lhe tudo deixando-a somente com os filhos para criar sozinha. Na sequência, Ela foi obrigada a regressar à casa dos pais para recomeçar. Tendo pois herdado uma parcela de terra a mesma que usa ate hoje.

Dos seus pais também camponeses aprendeu as formas tradicionais de cuidar da terra por isso ate hoje usa agricultura ecológica, “eu usou a agricultura ecológica que os meus pais me ensinaram mas na época não sabíamos que era ecológica. Esta agricultura me ajuda a cuidar da terra e assim terei o que deixar para os meus filhos e netos. Da terra tiro quase tudo dependendo da época. É dessa produção que tenho as sementes para a época que segue, revendo para pagar escola dos meus filhos e o resto fica para o consumo da família”, explica.

Apesar de ter aprendido formas tradicionais de cuidar da terra Rabeca diz que sempre aprende novas praticas que possam contribuir para melhorar a sua vida rural. “Aprendi a não fazer queimadas a juntar capim que também ajuda a fertilizar a terra”. Conta

Para Ela a chegada de novos investimentos na área agrícola aumenta o nível de desafios das  mulheres rurais “ desde muito que o maior desafio das mulheres rurais era o fraco nivel de escolarização, hoje com o agronegócio os desafios aumentaram. o facto é que a mulher rural não esta preparada para conviver com o agronegócio. Eles quando chegam ocupma grandes parcelas  de terra e quem mais trabalha com a terra são as mulheres. Então a mulher rural precisa ser preparada para entender a legislação, dominar a lei de terra para que saiba como lidar com os novos investimentos”, defende.

Contudo Rebeca reconhece que apesar dos desafios de disputa de terras que a sua comunidade vem enfrentado as mulheres tem conseguido manter-se fortes e resistir. Aponta as formações dadas pela UNAC em parceria com o Fórum Mulher como factores que aumentaram a sua consciência politica e de outras mulheres rurais. O Fommur, organização a qual Rebeca pertence é hospedado pelo Fórum Mulher que também tem sido responsável pelas várias formações e intercâmbios para troca de experiencias e formações.

Para ela a terra significa é mais que um simples pedaço, “A terra significa vida porque me alimenta hoje, futuro porque deixarei para os meus netos. A terra é minha identidade, é minha vida por isso é um direito cultural, usamos de geração em geração e através dela e das sementes partilhamos nossa cultura com outras gerações e pelo mundo”, afirma.

 

 

 

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