Sou Lucínia Aliji, sou natural de Inhambane. Eu não nasci deficiente; adquiri esta deficiência aos 3/4 anos; dizem que tive paralisia infantil. Como toda a criança, eu fui à escola, mas no caminho para a minha escola,eu devia passar por casa de uma moça que «gozava» muito comigo. Ela imitava a forma deficiente de eu andar. Isto desanimava-me muito, e quase que desisti de ir à escola. Para conseguir ir à escola, tinha de estar acompanhada. Devia ter sempre uma protecção e a minha família apoiou- me muito nisso.Fui para a faculdade e as pessoas perguntavam-me porque é que eu estudava, se eu não servia para a sociedade, por ser deficiente.
Eu, às vezes, esqueço-me de que sou deficiente, só me recordo quando tenho alguém à minha frente a imitar a minha forma de andar. Depois da faculdade, fui para uma escola de condução. As pessoas perguntavam como uma pessoa que anda mal, com um pé sem força e com menos altura que ooutro, queria aprender a conduzir! Diziam que eu ia apenas atropelar pessoas na estrada. Mas com o apoio da minha família, consegui tirar a minha carta de condução e, até hoje, só conduzo carro manual, mesmo com deficiência.
Fui muito discriminada. Às vezes eu caía por falta de estabilidade, mas a minha família ajudou-me muito e hoje faço tudo o que eu quero. A minha família sempre apoiou a levantar a minha auto-estima. Trabalhei 18 anos na LDH com Alice Mabota e agora estou a trabalhar na AMMCJ, que é também membro do FM.
Entendi que a deficiência não é o limite. Fiz muitas coisas que eu queria fazer na minha vida. Fui muito incentivada na LDH a formar-me e hoje a minha vida segue normalmente. Incentivo as mulheres portadoras de deficiência a seguir as suas vidas normalmente porque elas são capazes. A vida não é fácil para ninguém, temos que definir as nossas metas e os nossos objectivos e lutar até os conseguir.