Memorial por uma Mulher Barbaramente Assassinada

Organizações da sociedade civil defensoras dos Direitos Humanos das Mulheres inauguraram, no dia 17 de Setembro, nas instalações do Fórum Mulher, em Maputo, um memorial para lembrar a mulher barbaramente assassinada no âmbito do  conflito armado em Cabo Delgado. As imagens do assassinato foram registadas e circularam pelas redes sociais.

Várias organizações e individualidades juntaram-se à iniciativa para solidarizar-se com as outras vítimas da instabilidade política no centro e norte do país.

Nzira de Deus, Directora Executiva do Fórum Mulher, tomou a oportunidade para reforçar a mensagem de paz e exigiu que sejam tomadas acções concretas por parte do governo, com vista a parar com o derramamento de sangue de inocentes. “Já enviamos uma carta ao Chefe de Estado, a chamar atenção para o contexto de guerra que se vive em Cabo Delgado, assim como o seu impacto na vida das pessoas, sobretudo para as mulheres e crianças”, disse.

Por seu turno, Maira Domingos, Directora de programas da mesma entidade, lançou o apelo para que o país tome em consideração os compromissos que Moçambique ratificou, com vista a alavancar a agenda sobre os Direitos Humanos e garantir a paz e segurança dos cidadãos. “Lembrar os compromissos internacionais, regionais assumidos por Moçambique, lembrar que os marcos de Direitos Humanos, que geraram a criação das próprias Nações Unidas são justamente pela roptura com a cultura de guerra – e não o que nós estamos a assistir no nosso país, com um requinte de maldade”, acrescentou.

Em representação da WLSA Moçambique, Maria José Artur referiu-se ao memorial como um acto de reivindicação. “Todo o ser humano necessita que haja alguém que chore pela sua morte. Este é um memorial de desafio, um memorial de reivindicação”, disse.

O memorial esteve no local durante 7 dias úteis e várias entidades fizeram-se ao local, como forma de ampliar as vozes e mostrar, sob forma de poesia ou mensagens, o seu repúdio à violência bárbara e a sua solidariedade com as vítimas.

 

Sarau Cultural de Encerramento do Memorial

 

Para encerrar o memorial, realizou-se  no Fórum Mulher, um sarau cultural que contou com a presença de várias entidades que tomaram conhecimento da acção e decidiram juntar-se para exigir justiça e paz para as vítimas dos ataques em Cabo Delgado.

Abrindo o evento, Rafa Machava, presidente do Conselho de Direcção do Fórum Mulher, referiu que este é um momento em que as/os moçambicanas/os devem unir-se em solidariedade para dar voz aos residentes de Cabo Delgado.

Ivone Soares, deputada, também fez parte do sarau e disse que este é o tempo de as moçambicanas lançarem uma campanha internacional para que os teatros deixem de ser de guerra e de sangue, pois quem sofre é a mulher e as crianças. “Devido a este conflito há vários deslocados sem o que comer e sem tecto. Por isso, o nosso grito tem que ser pela paz, para que acabe essa guerra macabra que está a dizimar os úteros que são a continuidade da humanidade”, apelou.

Celeste Castilho optou por deixar a sua mensagem no livro de condolências que também esteve disponível ao público durante os 7 dias do memorial. Na sua mensagem, ela apela para que este grito de socorro chegue aos protagonistas das matanças. “Que este grito sirva para que os protagonistas destes actos se lembrem que nasceram de uma mulher que provavelmente crianças ficaram órfãs”, lamentou.

 

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