Lançamento da 5 Acção internacional das Marcha Mundial das Mulheres: “Resistimos para viver, marchamos para transformar”

Este é o lema que juntou mulheres, jovens e raparigas da província de Maputo para a marcha alusiva as celebrações do dia internacional das mulheres, 8 de Março, na Praça da independência.

A Marcha foi organizada pelo Fórum Mulher em articulação com a Associação Hixikawe, a Coalizão da Juventude Moçambicana, a Associação Socio Cultural Horizonte Azul (ASCHA), a Associação das vítimas de violência domestica (AVVD) e a Kutenga. Neste evento também foi lançada a 5ª Acção Internacional da Marcha Mundial das Mulheres que segue até 17 de outubro do ano corrente.

Falando sobre a marcha, Nzira de Deus, Directora Executiva do Fórum Mulher, referiu que este é um momento em que as mulheres unem suas vozes em uníssono para reivindicar seus direitos e dizer basta a todas as formas de desigualdades. “Marchamos para transformar o mundo, para reivindicar o fim da impunidade, do capitalismo, das desigualdades salariais, da violência contra a mulher. Marchamos pelos melhores serviços públicos, pela boa e rápida resposta a casos de violência, para que juntas, de mãos dadas, reforcemos a nossa luta e dar um basta ao sofrimento das mulheres”, disse.

Na sua intervenção Graça Samo, Coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, referiu que a presença das mulheres na Praça da independência reflecte o desejo delas de alargar a solidariedade, imortalizar as que morreram vítimas da violência e reforçar sua luta por um mundo melhor para as mulheres. “Estamos aqui para dizer que continuamos em Marcha contra todas as formas de opressão, de colonialismo, de neocolonialismo, de exploração do nosso corpo, para que a nossa voz seja ouvida, para que os nossos povos vivam em liberdade e em paz. Lutamos contra a usurpação dos nossos territórios e exploração dos nossos recursos. Nós, mulheres, somos as representantes dos povos do mundo. Somos mais de metade da população e mães da outra metade. Merecemos um mundo melhor, por isso seguiremos marchando até que todas sejamos livres”, afirmou.

 

Em representação as mulheres rurais, Rebeca Mabui, disse “é importante que as mulheres estejam consciente da sua luta, que compreendam as mil e umas razões que as levam a marchar ao longo desses anos para que se tornem cada vez mais fortes como movimentos e para que onde quer que estejam possam representar a resistência das mulheres e continuem lutando por um mundo mais justo”.

Mabui acrescentou ainda que as mulheres rurais tendem a ser as mais violentadas devido ao fraco conhecimento dos seus direitos uma vez que um número considerável desta classe não tem nenhuma escolaridade. “Se não estivermos conscientes na nossa luta, nunca iremos vencer. Represento as mulheres rurais, as primeiras a serem violentadas, as que não tem voz e nem conhecem os seus direitos. As primeiras a sofrer com os efeitos das mudanças climáticas sem saber o que está a acontecer, sofrem e só olham para o seu Deus”, desabafou.
Por seu turno, Berta de Nazareth, da ASCHA, em representação as mulheres jovens, tomou este momento para recordar as participantes da razão que as une como mulheres jovens. ‘’Estamos aqui para recordar o momento em que as mulheres levantaram e marcharam pela primeira vez. Hoje levantamos a nossa voz mais uma vez, para dizer que queremos ser livres, autônomas e com os nossos direitos salvaguardados, conforme diz a lei. Levantamos para denunciar toda a opressão que sofremos nos transportes públicos, na via pública, nas nossas casas. Que não nos olhem como meros objectos sexuais, instrumentos de trabalhos domésticos, mas como pessoas que vão mudar o país e o mundo”, frisou Berta.

Avançando propostas para um mundo melhor para as mulheres jovens, De Nazaret sugere que o governo tome acções concretas para acabar e responsabilizar os violadores. Que estes empenhem-se em tornar as escolas, as ruas e o transporte público em lugares seguros, onde as jovens podem andar e estar sem que a sua integridade seja posta em causa. Que as leis recentemente aprovadas e promulgadas pelo Presidente da República sejam de facto aplicadas como caminho para eliminação de práticas que prejudicam as mulheres jovens e o seu crescimento.

O Fórum das Associações Femininas de Inhambane (FAFI), membro do Fórum Mulher, não ficou de fora das celebrações. Em parceria com a Rede HOPEM, DPGCAS (Direcção Provincial de Género, Crianças e Acção Social), PLAN Internacional e Arquitetos sem Fronteira e com apoio da União Europeia, através do projecto PAANE (Projecto de Apoio a Actores Não Estatais), sob o lema o “Sou Geração da Igualdade” mobilizou cerca de 500 mulheres para a marcha alusiva as celebrações do dia internacional das mulheres na cidade de Maxixe, província de Inhambane.

Hortência Rafael, representante do FAFI, usou do momento para convidar as mulheres e jovens presentes no local a reflectirem sobre o seu dia-a-dia, os seus desafios e acima de tudo sobre como podem consolidar-se como movimento de mulheres para se autos apoiarem. “Há necessidade de sinergias entre nós para vencermos os desafios que como mulheres temos enfrentado na colectividade e de forma individual. Precisamos passar o nosso legado para as jovens de modo que possam dar continuidade as nossas lutas e saibam se defender contra o patriarcado”, apelou. “Devemos usar estes espaços para juntas elevarmos as nossas vozes com vista a desconstrução do patriarcado, capitalismo e o Machismo, pois somos a maioria da população a nível mundial e não justifica continuarmos as mais vulneráveis”, retorquiu Hortência.

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