Mais de 20 mulheres foram capacitadas em apoio a Mulheres Sobreviventes de Fístula Obstétrica o Programa de Integração Social no Contexto de Protecção Social que decorreu durante os dias 24 e 25 de Agosto, no distrito de Mocuba, província da Zambézia.
A formação organizada pelo Fórum Mulher em parceria com o Núcleo das Associações Femininas da Zambézia, Nafeza, pretendia actualizar os conhecimentos e a aplicação prática do conceito dos direitos sexuais e reprodutivos para promover maior e melhor intervenção do programa piloto sobre reintegração social de mulheres pós tratamento da fístula obstétrica. Também visava trazer uma visão integrada sobre género, saúde sexual e direitos sexuais e reprodutivos e dotar as participantes de ferramentas pedagógicas e metodológicas para o desenvolvimento de capacidades em matéria de facilitação de diálogos comunitários que favoreçam a reintegração social das mulheres com fístula obstétrica e pós tratamento.
A formação responde à crescente necessidade de apoiar e de fortalecer as organizações membros e as mulheres para responder às grandes demandas por parte das vítimas de fistulas e das comunidades onde estão inseridas. Pois, em Moçambique, segundo o Inquérito Demográfico de Saúde de 2011, na província da Zambézia, só 5% das mulheres têm as suas necessidades satisfeitas de planeamento familiar (IDS 2011), mas, em conversa com as participantes, foi possível perceber que, para além dos desafios de acesso, a decisão do uso depende do parceiro.
Os mitos à volta dos serviços de saúde contribuem para a baixa adesão aos cuidados hospitalares aliados às longas distância para encontrar uma Unidade Sanitária. Aproximadamente 2000 novos casos de fístula obstétrica ocorrem por ano em Moçambique. Segundo a WLSA Moçambique 2011, no distrito de Mocuba, vários sãos os casos de fístula obstétrica que não têm aderido aos cuidados de saúde por acreditar que a situação e o resultado de um feitiço e, às vezes, por falta de informação. A problemática de fístula ocorre em grandes proporções, em particular nos contextos onde o índice de casamentos prematuros e gravidezes precoces é maior, não sendo diferente na Zambézia onde a taxa de casamentos prematuros é de 47% em raparigas com menos de 18 anos e 17% em raparigas com menos de 15 anos (Folheto Girs Not Brides).
Mas perante esta situação diversas actividades e campanhas têm sido organizadas, tanto pelas organizações da sociedade civil para sensibilização e mobilização das comunidades, como para apoio às mulheres vítimas.
O distrito de Mocuba é palco de algumas actividades em que as associações membros do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (NAFEZA) têm realizado de modo a sensibilizar e a mobilizar as mulheres com fístula para aderirem às campanhas de tratamento que têm sido concretizadas na Província da Zambézia.
Temas como saúde, saúde Sexual Reprodutiva, Direitos Sexuais e Reprodutivos, Sexualidade, Género e Adolescência e aspectos Negativos que afectam a Saúde Sexual Reprodutiva e Direitos foram debatidos durante a formação. Para os participantes, saúde é o bem-estar de uma pessoa (fisicamente, psicologicamente, moralmente, economicamente e livre de várias doenças); esta está ligada a todos os outros temas pois acredita-se que a sua ausência pode afectar directamente todos os outros aspectos. Saúde Sexual tem a ver com a prevenção das doenças transmitidas sexualmente, o órgão sexual feminino e o masculino devem estar saudáveis.