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Assim como qualquer outra actividade, ser um agente comunitário na luta pela causa LGBT tem os seus desafios. E para quem está a ingressar na área, esses desafios podem parecer insuperáveis. Um agente comunitário actua na mobilização comunitária e na educação em matérias de prevenção contra o HIV-SIDA, e na promoção dos direitos humanos de pessoas LGBT.
A jovem Judy Macuácua acaba de formar-se como agente comunitária. Ela esta consciente dos inúmeros desafios que encontrará na comunidade, e que um deles será o de conseguir beneficiários. Para lidar com esse desafio, Judy, criará uma forte ligação com esses beneficiários. “Vou ser o mais transparente possível. Tentar não inventar coisas que eu não tenha aprendido [na formação]. Falar a verdade. Passar maior confiança possível para que não haja dúvida de que a nossa relação é confidencial”, explicou.
Ao contrário de Judy, Kíria Baronesa, também agente, garantiu que não terá obstáculos em conseguir reunir beneficiários porque tem muitos conhecidos na comunidade LGBT. “O conhecido vai-me apresentar um novo conhecido e assim por diante”, entregou ela, confiante, emendado ao dizer que talvez o seu maior desafio seja o de fazer com que as pessoas que tenham interrompido o tratamento anti-retroviral o retomem. “Tenho firmeza e garra. Vou ser persistente. E vou usar muito a simpatia. A simpatia abre portas”, ensinou.
O agente Eudes Munguambe completou o ensinamento de Kíria ao dizer que o importante é ter força de vontade. “Não tenho um truque na manga, não. A cada dia aparecerá um novo desafio e o conhecimento que adquiri na formação me ajudará a lidar com esses desafios”, assegurou. “A cada dia que passa, os desafios vão aparecendo e vamos tendo mais conhecimento sobre a comunidade LGBT. Então, o nosso maior desafio será o de fazer com que a comunidade consiga perceber quais são os seus direitos, quais são as portas amigáveis de serviço de acesso à saúde, etc.”, listou.
Assim como Eudes, o agente Avelino Banze disse que os desafios em campo serão imensos. “Na formação é sempre tudo um mar de rosas, uma delícia. No campo haverá dias super-desafiadores porque muitos LGBT ainda tem dificuldade em se assumir devido a discriminação”, apontou ele, que acrescentou: “Cada desafio é um desafio e tem que ser tratado de forma particular. Ser um agente comunitário é ser aquela pessoa que aceita levar chibatadas e pauladas e mesmo assim não desistir do beneficiário.”
Esses quatro nomes fazem parte de um total de 21 novos agentes que no último dia 20 de Janeiro terminaram a sua formação, que durou cinco dias e aconteceu na Cidade de Maputo, sob a condução do consultor Marcos Benedete. “Foi uma formação de raiz, a raiz da planta que se está a consolidar. Então todo o desenvolvimento do tronco, dos ramos, das folhas e dos frutos vêm com o tempo, com a experiência”, filosofou ele que, durante a formação, criou um ambiente amimado e descontraindo.
“É preciso que as pessoas [os formandos] estejam engajadas e entregues a essa tarefa e ao vínculo com a organização [a Lambda]. Nesse sentido, a leveza, a brincadeira e o humor são estratégias pedagógicas de engajamento dos participantes”, elucidou Marcos.
Os 21 novos formados foram seleccionados num total de 300 candidatos que passaram pelo processo de entrevista. Eles actuarão num projecto apoiado pela Elton John AIDS Foundation, e que vem com a proposta de abranger principalmente as mulheres lésbicas e bissexuais.