Minha terra, minha história

Justina Wiriamo, camponesa de 43 anos, casada e mãe de cinco filhos, é residente no posto administrativo de Malema, distrito de Mutuali, bairro Namipua, actualmente zona afectada pelo projecto de produção de soja da empresa Agromoz. Justina nasceu numa família camponesa e aos seis anos começou seu contacto com a terra graças aos ensinamentos da sua mãe, também camponesa. Para Justina a terra é mais que um direito mas sim  uma vida, “a terra é minha vida porque sem a terra e a água eu não estaria viva. Olho como minha vida porque tudo o que me eu preciso para viver provem da terra, ela faz me faz ser alguém”, explica.

Justina é dona de casa e responsável por alimentar a família. Da parcela herdada que Justina usa produz mandioca, feijão, milho e outras hortícolas. Na hora da acolheita a produção é divida em três partes, sendo que a primeira é conservada para a próxima sementeira, a segunda para consumo familiar e a terceira vai a venda para apoiar na educação dos filhos. Dos seus antepassados também aprendeu formas tradicionais de conservar a colheita e aperfeiçoou no projecto boas colheitas.

Reconhecendo que a terra é sua fonte de sobrevivência Justina adoptou um tipo de agricultura que não danifica ao ambiente, “faco agricultura de conservação, não tenho que usar nenhum químico e não empobreço o solo, garanto que os meus filhos e netos possam também ter terra para produzir assim como meus avos deixaram para mim”, conta.

Mas com a chegada de novos investimentos na área da agricultura na comunidade sente que estas boas práticas estão em risco, “ a chegada de agronegócio fomenta práticas que prejudicam a nós e a terra. No passado tivemos um projecto de produção de jetrofa, produzimos mas no final não tínhamos compradores, o que prejudicava os camponeses e a terra. Alem disso eles tiram-nos as melhores zonas de produção e matam nossos hábitos de conservação, nos impõem sua semente maléfica e destroem nossa cultura”, disse.

O Fórum Mulher e a UNAC tem levado a cabo formações e  acções de sensibilização e educação aos camponeses sobre os seus direitos.  Graças a essas formações Justina reconhece as mudanças na sua vida porque consegue defender a sua terra e questionar os líderes locais sobre a situação do distrito. “Antes de ser formada pelo fórum Mulher todas as questões que me faziam eu dizia sim, eu não conseguia falar nem exercer meu poder de vice-presidente, eu deixava meu chefe falar por mim. Hoje eu sei interagir sem sentir medo. Graças as formações já sensibilizei muitas mulheres a se candidatarem para cargos de chefia e actualmente temos cinco associações lideradas por mulheres rurais ”, acrescenta. Posto administrativo de Malema, localiza-se na província de Nampula, no distrito de Mutuali. Conta com uma densidade populacional de cerca de de 164 898 residentes de acordo com o censo de 2007.

 

 

 

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