Catarina Gaspar

“O Fórum Mulher me ensinou a ser uma líder, eu me sinto uma líder”. Este é o sentimento de Catarina Gaspar, natural de Nampula e activista a mais de 10 anos.

Catarina beneficiou de acções formativas, palestras e conferências organizadas pelo Fórum Mulher. A mulher de 43 anos entrou no activismo através da sua mãe, membra da associação AMR de Nampula, organização que também é membro do Fórum Mulher. As acções formativas do Fórum Mulher geraram mudanças que até hoje Catrina se lembra.

“Quando me casei eu só tinha concluído a quinta classe, meu marido não havia estudado. Eu queria estudar mas ele não deixou-me, disse-me que o homem deve ser o primeiro a estudar e quando ele concluísse eu ia estudar, tanto que hoje já graduou. Mas as formações do Fórum Mulher me ensinaram que devo continuar a estudar, que tenho que ter minha conta bancaria, aprender a fazer as minhas contas e não deixar tudo para o homem. Então depois da primeira formação sobre empoderamento da mulher eu falei com meu marido que queria ir à escola. Ele zangou-se e me perguntou quem haveria de cuidar da casa. Questionou porque eu queria ir a escola. disse-me que não havia necessidade porque ele ia-me dar tudo. Eu disse não, que o FM me ensinou que a mulher também deve estudar, que tenho tem que ter conhecimento e que não posso depender do homem. Comecei a ir a escola mas durante um mês eu dormia fora de casa porque ele trancava me a porta e batia-me sempre. Eu disse a mim mesma que não havia problema, eu continuei até ele ver que eu estava decidida”, conta.

As mudanças na vida de catarina foram além do contexto familiar, também foram notórias no seu dia-a-dia. “Eu sou matrona e dou conselhos as meninas. Depois de conhecer o Fórum Mulher aprendi que devia mudar a forma como eu dou conselhos. Eu já não aconselho meninas de 17 anos a casar, só a partir dos 18 anos começo a falar de casamento. Além disso, olho para o aspecto físico das moças e avalio se já esta ou não preparada para ser dona de casa. E sempre aconselho as meninas a continuarem com seus estudos”, acrescenta.

Em relação as formações e capacitações do Fórum Mulher a activista conta com detalhes a formacao sobre casamentos prematuros, a mais marcante para ela, e se lembra como se o tempo não tivesse passado. Para Catarina, falar de casamento prematuros é tocar num aspecto que lhe faz pensar além das jovens que estão nessas uniões forçadas mas também de um acontecimento que marcou a sua vida. “ A formação sobre casamentos prematuros marcou me porque eu não sabia o que era um casamento prematuro e quando penso em casamentos prematuros, ao invés de ver aquela criança que esta a sofrer, eu me lembro de mim mesma, que eu sofri do mesmo jeito que ela. Eu me revejo dentro desta formação”, explica.

Os resultados destas actividades do Fórum Mulher não só geraram resultados na vida de Catarina mas também na vida de outras mulheres pois depois de ser capacitada a activista levou acabo acções na sua comunidade para mudar a vida das mulheres. “Na minha comunidade as mulheres tinham o habito de mandar suas filhas, independentemente da idade, para irem vender, e dificultando os estudos delas, mas eu reuni com as mulheres e expliquei a elas que as crianças devem ser incentivadas e irem a escola e não a vender, que os trabalhos de casa reduzem o aproveitamento destas. No princípio não foi fácil porque até o secretário do bairro veio ter comigo a questionar o que estou a fazer, porque estou proibir as crianças de trabalharem, eu expliquei as razoes. Depois disso ele entendeu e as mulheres me perguntavam o que deviam fazer, eu sugeri que elas mesmas fossem vender pessoalmente facilmente conseguem controlar seu dinheiro e tem espaço para conversar com outras mulheres, interagirem entre si, elas aceitaram e hoje elas tem nos seus locais de venda um espaço para conversar sobre os seus problemas, o que não acontecia antes.

Em relação a violência, hoje, no meu bairro qualquer situação de violência as pessoas vem ter comigo para eu lhes encaminhar e ajudar, elas olham para mim como referencia e confiam em mim como activista.”
Catarina Gaspar não e a única que se beneficiou das acções do FM. O FM também inspira raparigas com idades bem distantes da Catarina.

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